Carta para Bigode
Intensamente apaixonado pela vida, Erico Novaes Lima sabia como viver com sabedoria, alegria e tranquilidade. Homem de bom coração e de ótimos hábitos, Bigode amava filmes e era verdadeiramente encantado por sua esposa Neuza, a mulher de sua vida.
Nascido e criado em Jequié, município da formosa Bahia, Érico só veio para São Paulo recentemente, morando os últimos anos de sua trajetória no bairro Jardim Marília. A sua infância foi um tanto sofrida e triste, pois Érico e seus irmãos foram abandonados pelo pai. As crianças então acabaram sendo separadas e só depois de décadas conseguiram se reencontrar nesse Brasilzão de Deus. Essa era uma das maiores alegrias e vitórias da vida de Bigode: ter encontrado aqueles que tanto amava.
Na juventude, Érico conheceu a sua primeira paixão: o cinema! Trabalhando duro para ganhar o seu suado dinheirinho, Bigode ia para o cinema e investia tudo em ótimas horas assistindo aos filmes de Roberto Carlos. Foi aí que o jovem aprendeu a apreciar MPB, bolero e músicas internacionais. Gosto musical esse que o acompanhou por toda a sua história. Tempos depois a sua segunda e grande paixão lhe foi apresentada: Neuza! A mulher formosa que roubou o seu coração.
Pedindo ajuda para se aproximar de Neuza, Érico não perdia uma oportunidade de conversar e de se fazer conhecer. De passinho em passinho o bom homem conquistou a admiração, a simpatia e o amor daquela mulher. Juntos eles viveram 22 abençoados anos, marcados lindamente pelo companheirismo, pela cumplicidade e pelo respeito mútuo. Uma história belíssima de um verdadeiro amor!
Por anos Bigode trabalhou com comércio, era ele um grande comerciante. Amando o que fazia, Bigode era feliz e satisfeito. Nas horas vagas claro que Érico assistia a filmes, ia ao cinema, ouvia as suas músicas preferidas e curtia estar com a família. A sua cor preferida era o verde, a cor de seu amado Palmeiras. Sempre com o sorriso frouxo no rosto, Bigode vivia tranquilamente mesmo lutando dia após dia.
Diagnosticado há quatro anos com varizes no esôfago, Bigode vinha se tratando para alcançar a cura. Seu lema era ter calma, paciência e mansidão para lidar com os problemas sem deixá-los nos dominar, pois o importante da vida é se divertir e ter boas histórias para contar. Bigode foi especial demais e com o seu jeitinho único deixou o seu melhor para aqueles que ficam. Hoje nos despedimos e agradecemos por essa linda vida, que mesmo chegando ao fim deixou lindas memórias e um bonito legado. Muito obrigado Érico!